Se este é o som da vingança, então que seja sempre assim – o último dia do Extramuralhas


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O último dia do mês de Agosto foi igualmente o último dia da décima edição do Extramuralhas. Destaque para os emblemáticos She Wants Revenge que preencheram música multifacetada para um Teatro lotadíssimo.

Desta vez, foi no Museu de Leiria que deu início ao terceiro dia do festival, com a atuação peculiar dos franceses Meta Meat.

O festival prosseguiu para o TJLS onde o concerto mais aguardado pelo público se vivenciou. Os californianos She Wants Revenge apresentaram-se pela primeira vez em Leiria, perante um teatro totalmente lotadíssimo, aparecendo inesperadamente, incorporados numa névoa roxa, iniciaram a sua performance a sangue frio. 

Após os êxitos “These Things” ou mesmo “Written in Blood”, envoltos numa atitude tanto firme como feroz, o público mostrou-se totalmente rendido. E a noite ainda ia a meio!

Aos poucos a multidão ia-se colocando de pé, pois com um imenso jogo de riffs e com autênticos refrões que nos enfeitiçavam, tornava-se difícil não se contagiar pela sua sonoridade post-punk e goth-rock

“Are you not allowed to dance or what?”, questionou um dos membros da banda californiana à plateia, mas esta respondeu-lhes prontamente, levantando-se e criando assim uma atmosfera mais próxima com She Wants Revenge

Foi uma hora e meia de puro êxtase e com êxito “Tear Your Appart”, o público atingiu o clímax, dançando, cantando até ficar sem folgo. Assim, terminaram os concertos no TJLS, com chave de ouro!

Partimos em direção ao jardim para acompanhar mais dois concertos, que se mostraram bastante distintos um do outro. Primeiro, o duo de synthpop Black Nail Cabaret, vindos diretamente da Hungria. Apesar de se terem apresentando para um público um tanto reticente, a sua qualidade musical foi notada por todos. Sensualidade, uma voz suavemente melódica, e uma energia incrível caracterizam-se como grandes potenciais da vocalista Emese Arvai-Illes, que tem qualquer coisa, ainda por definir, de Annie-Lennox na sua voz. 

Numa total adrenalina e agitação lembrar-nos-emos do concerto dos Wulfband, que atuaram de seguida. Esta banda sueca, que mantém em anonimato as suas verdadeiras identidades, cultiva o EBM (Electronic Body Music) totalmente renovado, que não foge às suas (EBM) origens. Apresentando-se com as suas típicas mascaras, Wulfband estavam em total euforia, principalmente o vocalista que se mostrava numa luta constante entre estar de pé ou sentado. Houve uns pequenos problemas técnicos, que em praticamente nada interferiram com sua performance, que agitou fenomenalmente a plateia. 

Uma constante picardia entre o público e a banda traduziu-se em “Yeah’s” firmes e em uivos, e tudo isto de forma tão natural, que nos permitiu viajar com a banda. 

Todos nos sentimos num universo extremo e apoteótico, no entanto marcante, numa luta extrema entre sons punk, electro e industriais. O público queria mais, mas Wulfband não voltaram. Esperamos, ansiosamente, pelo próximo concerto, mas com um final mais apetecível! 

O último concerto do festival aconteceu em pleno Stereogun e focou-se nos canadianos Traits, que se estrearam pela primeira vez em Portugal. Caracterizados pelo seu post-punk e cold wave, deram um concerto bastante contagiante!

Terminou, assim, a 10ª edição do Extramuralhas, que contou com concertos célebres e plenamente inesquecíveis, que já deixam saudades. Tudo isto não seria possível sem a associação Fade-In que se esmera para nos proporcionar grandes eventos e experiências! Até para o ano!

Texto: Filipa Gaspar