Filipa Lobo Gaspar
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A TIL esteve à conversa com o Leonardo, o Filipe e o Alexandre, três dos quatro membros da banda alcobacense Fuzzil. Recentemente, lançaram o seu primeiro álbum “Before The Sun Goes Down” e a TIL não podia perder a oportunidade de perceber como nasceu esta primeira longa duração e, também, como está a ser seu o feedback.
- Vocês vêm de bandas e projetos diferentes, portanto como é que surgiu a necessidade de criarem os Fuzzil?
L: Na verdade este projeto começou antes de nós estarmos noutros projetos. Nós começámos em 2015, entretanto passamos por algumas mudanças de formação, mas a nossa necessidade na altura foi fazer uma banda de originais, porque não tínhamos nenhuma. Depois, entretanto, é que outras coisas começaram a surgir, como o caso de eu ter entrado para os Stone Dead, o Alex no Mr. Gallini e o Filipe, também, tinha os Icarus.
- Como banda têm algum tipo de filosofia?
F: Não haver ideologias, haver uma mente aberta. Acho que isso é um tipo de filosofia. Penso que isso vai mudando com o tempo, porque ninguém diz “não faças uma malha assim”, se ela for fixe… Já estive em bandas onde me disseram “não comeces nenhuma malha com piano”, mas assim estão-me a cortar os pés.
- O vosso primeiro álbum “Before the Sun Goes Down” tem recebido críticas bastante positivas por parte da imprensa e do público em geral. Como reagiram à aceitação imediata do público?
L: ‘Tá fixe! Acho que nós, principalmente, estamos orgulhosos do trabalho que fizemos e acho que isso teria mais ou menos que se repercutir nesse feedback. Também podia ter sido ao contrário, nós termos trabalhado e ter saído uma bela porcaria, mas acho que não foi o caso.
F: O orgulho que tenho agora é mais baseado naquilo que as pessoas reagem, porque nós já sabemos o que compusemos e agora através dos outros estamos a viver aquilo que eles te dizem.
- Pessoalmente senti uma mudança neste álbum no que toca à sonoridade que anteriormente seria mais stoner rock e agora mais consolidada no rock clássico. A que se deu esta mudança?
A: Novas influências, começar a ouvir outras coisas e, também, sair um bocado do registo em que estávamos. Não foi propositado, foi uma coisa natural.
- Também quiseram “fugir” ao stoner por ser um tipo de música bastante “in” na cena underground?
L: O stoner está um bocado mastigado e há maneiras fixes de o fazer, mas carregar muito nessa tecla fica um bocado repetitivo. Até nós não ouvimos tanto só bandas stoner, ouvimos mais coisas diversificadas e iria-se tornar um bocadinho “boring” estar a carregar muito nessa tecla.
- Quiseram então explorar outros sons.
F: Sim. Eu entrei na banda depois, antes de compor o álbum e está mais stoner o segundo EP. Não é que este álbum esteja stoner, tem a mesma coisa, mas está com mais influências, não foi nada propositado. Temos pedais de fuzz à mesma, temos riffs à mesma, apenas, está mais baseado em estruturas de canções, digamos assim.
- Como se deu o processo criativo para este álbum? Têm algum desenvolvimento particular e típico no que toca ao processo de gravação?
L: Foi um pouco diferente dos outros, tendo em conta que não foi apenas as típicas malhas que saíram de uma jam que fazemos durante o ensaio. A coisa foi mais pensada, houve mais produção e pré-produção e quisemos adicionar mais instrumentos e conseguir ir buscar à música o seu expoente máximo e, por isso, trabalhámos mais as músicas.
- O que foi a vossa maior influência para este álbum?
A: São várias, não há uma específica.
F: Nós estivemos a falar disso e a única coisa que nos lembramos é que álbuns que estávamos a ouvir na altura, ou antes, podem influenciar-te direta ou indiretamente. Mas olhando para as músicas de forma como elas nasceram, penso que todas tiveram um processo e influências bastante diferentes.
Por exemplo, a “Nightsky” relembrou-me o meu som preferido dos Pink Floyd, “The Great Gig in The Sky”. Houve alguma influência nesta canção em particular ou nos Pink Floyd no geral?
L: Essa provavelmente é a que se nota mais (risos).
F: Essa foi a última música a estar feita já no processo de gravação e o Wilson fez questão de nos colar essa música àquilo que ele imaginava que era exatamente a música que disseste. Ele meteu a música a tocar e disse que seria fixe ter uma música assim nesta onda e era aquilo que ele imaginava, então o que somámos a seguir foi um bocado inspirado nisso, quer queiramos quer não.
L: Não como uma cópia, mas como uma referência.
F: Sim, era uma referência. Até ali, a gente não sabia o que ia fazer com a música, mesmo quando o álbum já estava gravado, não sabíamos o que podíamos adicionar mais.
L: Foi claramente uma música de estúdio.
F: Acho que só no fim do último take é que nós sabíamos que ela estava feita. Até o último take da voz, no fim, foi testado do género: “Deixa-me cá ver se isso fica giro” e ficou.
L: Basicamente a música foi só uma base minimamente estruturada e o resto foi improviso e ver o que é que fica e o que é que não fica, como é que as coisas podiam encaixar da melhor maneira e pronto, deu este resultado final.
- Durante este ano passaram por grandes espaços nacionais como o Sabotage e o Barracuda e também atuaram no warm-up do Sonic Blast. Com o novo álbum onde pretendem chegar?
L: Onde nos quiserem meter, mas o circuito Super Nova era fixe ou o Super Bock mesmo. Queríamos atingir um bocadinho festivais tanto de rock como de indie também, para entrar dentro da cena nacional que está a acontecer e que está aí em força e acho que nós também fazemos parte disso, então também vamos fazer para chegar a esses palcos.
- Já pensaram numa tour pela Europa ou seria muito cedo?
L: Estamos a falar nisso.
A: Sim, também gostávamos muito de lançar a nossa música lá para fora e ir lá fora tocar.
Ao longo dos anos Leiria tem-se afirmado como uma cidade musical, até recentemente, a UNESCO elevou-a como uma das Cidades Criativas da Música. Qual é a vossa opinião no que toca ao panorama musical que existe em Leiria?
L: ‘Ta fixe!
F: Pode ser sempre melhor. (risos)
L: A cena é que é transversal ao distrito todo e não apenas à cidade de Leiria e é a única coisa que sinto mais além daquilo que é noticiado. Quanto mais houver reconhecimento nesse aspeto mais eu acho que há vontade por parte de quem tem meios de fazer mais coisas, de conseguir juntar mais bandas e de as meter fora de Leiria e fora do país.
- Excluindo as bandas e os projetos que vocês fazem parte, quais são as bandas que têm como maior referência ou que seguem mais do distrito de Leiria?
A: Não é uma banda que eu sigo, mas por exemplo First Breath After Coma, já fui ver uns concertos deles. A Surma também está em força e até vai fazer uma digressão pela China.
L: Não diria como referência, mas é fixe ter bandas aqui de perto a terem este tipo de objetivos cumpridos.
F: Sim, independentemente se é um gosto pessoal ou não, desde que haja música nova…
L: Aliás, outra cena que acho que é fixe é que há uns tempos atrás a cena do post-rock estava bué forte e havia bastantes bandas desse género, mas agora todas as bandas do distrito de Leiria são bastante diversificadas e cada uma tem uma identidade própria e isso é cada vez melhor.
- Para aqueles que vos querem ver ao vivo, quando e onde vão ser os próximos concertos?
L: Ainda não podemos anunciar datas, mas estamos a ver coisas para o final do ano e também para 2020. Vamos lançar cenas para o pessoal que não gosta de sair de casa. É uma questão de estar atento à nossa página, que nós vamos anunciando lá as coisas novas.
- Estão disponíveis em todas as plataformas, correto?
L: Sim!
F: Dar o álbum no Natal seria uma boa prenda. (risos)
Texto: Filipa Gaspar
Fotografia de capa: Marcelo Baptista/Jubilee Street




