“Leiria, paredes com história: ARTE PÚBLICA” vai agitar as fachadas da cidade


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Durante um mês, artistas nacionais e internacionais de street art vão grafitar seis fachadas da cidade. O objetivo é tornar Leiria uma “galeria de arte”

Se ainda alguém se questiona sobre o porquê de várias ruas e fachadas da cidade de Leiria estarem pintadas de outra cor, a TIL responde. Está de volta o evento que reuniu vários artistas para intervir e investir na arte urbana da cidade.

A segunda edição do Leiria, paredes com história: ARTE PÚBLICA começa no dia 8 de setembro e o sucesso da primeira edição, que levou Leiria além-fronteiras, regressa e promete intervenções mais ambiciosas.

Encontra a arte na cidade é o mote lançado. O evento, criado em 2017, resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Leiria, a associação Riscas Vadias e a curadoria de Ricardo Romero – Projeto Matilha. Segundo informação disponível no website, esta cooperação quer mostrar que em Leiria, “terra de gentes sonhadoras, criativas, empreendedoras e trabalhadoras”, existe um grande potencial, não só devido a esta dinâmica, mas também às características e particularidades do seu território físico, bem como património histórico e imaterial.

A edição deste ano volta a juntar artistas de renome nacionais e internacionais. Se no ano anterior houve artistas que viajaram da Croácia e da Espanha, como foi o caso de Lonac e da dupla espanhola Pichiavo, este ano a inspiração artística vem de França, da Polónia e da Áustria. Zoer, Bezt e Jana & JS são os nomes estrangeiros que compõem esta edição e que, ao longo de um mês, vão pintar a cidade.

A nível nacional, o Projeto Matilha, Robô e Catarina Glam são os artistas convocados. “Mais que um evento artístico”, a iniciativa pretende que estas intervenções artísticas sejam uma possibilidade para Leiria e para o futuro da cidade, tendo em conta a preponderância que a arte pública urbana assume atualmente em Portugal e no mundo.

Uma das grandes ambições passa por tentar afirmar a cidade como “galeria de arte”, num “novo cenário de turismo artístico/cultural de âmbito nacional e internacional”, reconhecendo a cidade como ponto de visita obrigatório no tour de arte pública urbana.

As seis obras que irão ser postas em prática ao longo do próximo mês, em fachadas, empenas e paredes, serão todas perto do centro da cidade, no entanto, em semanas diferentes. Locais como a via Polis Leiria, os Bombeiros Municipais de Leiria e o Hotel Leiria Classic foram alguns dos spots escolhidos.

A maioria dos trabalhos costuma ser realizada em paredes de edifícios devolutos do centro histórico da cidade. Os artistas, dotados de diferentes técnicas e formas de arte, têm em comum o tamanho dos seus trabalhos. Trabalham em dimensões de larga escala, o que aumenta o impacto visual de quem as percepciona.

Fazendo jus ao nome do evento, são paredes com história que estes artistas pretendem criar. Não só em lugares que possam parecer mais pobres e degradados, mas também em potenciais sítios que, ao mínimo retoque ou alteração, podem alterar toda a significância e harmonia do mesmo.

Desconhecidos os temas que cada artista irá retratar, a mensagem não terá necessariamente de estar associada às características do território físico de cada um. Vale lembrar umas das obras realizadas por Lonac, um dos artistas presentes no último ano, que grafitou a fachada de um prédio junto aos Capuchos. Vícios retrata uma mulher no seu quotidiano, a segurar uma chávena e um cigarro, enquanto utiliza o seu telemóvel. Assim, representa os vícios da sociedade atual numa sociedade em constante mutação.

O artista, que é reconhecido pela sua técnica foto-realista, conseguiu o efeito de não deixar ninguém indiferente à obra quando por aquela estrada passa. Ainda que seja uma foto dissociada do ambiente à volta, prende a vista por todo o seu realismo e jogo de cores.

À semelhança da edição anterior, o evento não se limita às intervenções na cidade. Além da arte mural, também proporciona uma exposição de arte e um congresso sobre arte urbana, com o apoio da Escola Superior de Educação e Ciências Sociais (ESECS).

Wasted Rita é a autora de uma exposição com os seus trabalhos e vai estar aberta ao público na Livraria Arquivo em Leiria, de 14 de setembro a 7 de outubro.

Haverá também um congresso, de 2 a 4 de outubro, que vai contar com a presença de pesquisadores e investigadores de diferentes áreas académicas (ciências sociais, estudos artísticos, arquitetura, estudos visuais, ciências da comunicação, entre outras). Com o tema Arte Urbana no Plural, o congresso, que decorre no Auditório da ESECS, pretende levar a uma reflexão sobre a função e importância da arte nas esferas da educação e inclusão social.

Umas das novidades do Leiria, paredes com história: ARTE PÚBLICA é um acordo de cooperação com a Valorlis e um maior compromisso de sustentabilidade e gestão de resíduos. Assume-se, assim, como um eco evento, através da implementação de várias medidas, entre as quais ações de sensibilização ambiental junto dos participantes e a colocação de mini ecopontos nos locais das intervenções artísticas.

Brevemente, mais paredes de Leiria vão contar histórias.

 

Fotografia: Rui Santo