Crónica: Combater o vírus com viralidade


Escrito por:
André Castro
André Castro
                       

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Para o nosso cronista André Castro há um maior vício que comprar rolos de papel higiénico, fazer bolos ou ginásio em casa. Chama-se vício de “bolinhas cor-de-rosa no Instagram”.

Desculpem, queria começar a escrever sem ter de abordar os temas pandemia, crise de saúde mundial, COVID19 ou mesmo Coronavírus. Mas é impossível!

Se me foi ensinado nas aulas de economia do ensino secundário da Escola Secundária Domingos Sequeira que atingir um mercado de concorrência monopolista é deveras impossível- ora bem, aqui está ele! Digam-me qual é a concorrente deste assunto. Digam-me o diálogo que irá competir contra este gigante mundial!

Mas bem, não sei se é de mim – que muito provavelmente tenho demasiado tempo livre – pensei num potencial concorrente para fazer frente a este vírus, não só em termos de individualizar toda e qualquer conversa, mas também em propagação. Já que se pode combater fogo com fogo, porque não combater vírus com vírus. A solução então passa por fazer diretos no Instagram (ou lives no Instagram para os mais connoisseurs).

Duvidam? Só o tema em si é viral! Desde que começou esta década de quarentena e isolamento social, a quantidade de lives no Instagram aumentou cerca de 762%, a duração da emissão para 3 dias e 17 horas, o tráfego na rede em 1985% e as conversas com psicólogos em 278%.

Quem duvidar destes dados completamente verídicos e verificados, deveria refletir na sua vida e criar uma conta e verificar por si mesmo.

Estatisticamente continuando, cerca de 84% do segmento que tem dado uso a este canal são as influencers, nomeadamente daquelas de maquilhagem (maquiagem?). Ora portanto, mais um canal para vermos alguém a desenhar um unicórnio no rosto, mas sempre nos podemos rir se eventualmente uma delas se enganar e não conseguir esconder a vergonha alheia que sente naquele momento.

Outra conclusão à qual cheguei foi o aumento exponencial das OCD’S derivadas de redes sociais. Tem noção, estimado leitor, quantas pessoas auferiram tiques no sistema nervoso por não conseguirem evitar carregar num círculo rodeado a um rosa choque (desculpem a minha falta de conhecimento de cores). Eu também não, mas devem ser muitas.

Eu sou uma delas. Esta OCD obriga-me a carregar em todas as bolinhas rosa choque que encontro. O problema de tal, é que já chegou a um nível superior ao Instagram – e devem imaginar o quão constrangedor é para alguém estar em locais públicos a carregar no ar porque pensa que alguém entrou em direto? Deixo no ar!

Deixo-vos então os meus conselhos e dicas – daquelas à guru, que nos fazem pensar no quão útil eles têm sido neste momento – para vos ajudar a todos a fazer lives mais eficazes no Instagram e aumentar o seu número de seguidores porque é disso que o mundo precisa neste momento. A melhor dica que tenho para vos dar é que sejam vocês próprios! A não ser que sejam desinteressantes – aí sejam outra pessoa.

Termino este conjunto de observações (não me sinto digno de chamar crónica a tal) com um apelo ao apoio da cultura e mais iniciativas que entretenham e bem disponham a comunidade, seja qual for o interesse do leitor. Eu sei que podia estar a falar de iniciativas importantes e informativas, mas que piada é que tinha?

Deixo as minhas recomendações pessoais, não só de eventos da região mas de conteúdo de qualidade que encontrei ao longo desta quarentena. Começo por recomendar o Evento Stay Still – esse mesmo – que apesar de já ter decorrido, pode sempre encontra-lo nas redes sociais da TIL Magazine. Como live no Instagram, aconselho o “programa” Como é que o bicho mexe, protagonizado por Bruno Nogueira e seus amigos. Como filme, recomendo Pandemic, pois faz sentido para mim dada a altura em que nos encontramos. Por fim, recomendo o especial de Daniel Sloss disponível na Netflix – Jigsaw. Este último poderá ser um desafio caso o estimado leitor fique ofendido facilmente, mas deposito as minhas esperanças que tenha sentido de humor!

Para os interessados, encontro-me presente nas noites de sábado para todos nos rirmos um bocadinho – desculpem pela autopromoção.

 

Foto: Visão