Rui de Sousa
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Quem não gosta do Brasil, cara? Impossível não gostar, claro. Ouvir português com sotaque é sempre uma benção e que bem fica ali naquele rock mais psicadélico/eletrónico. Os Boogarins estiveram em grande forma no Stereogun e deram um concerto bem experimentado, de gente grande. Os Me And My Brain trataram da primeira parte e também “fizeram bem a cama” aos brasileiros.
O começo dos concertos estava marcado para as 22 horas. Esperava-se mais uma grande noite musical na Stereogun e mais uma vez não desiludiu. De lá vinha a morte (calma, estamos só a fazer jus ao terceiro e último álbum editado dos Boogarins, Lá Vem A Morte) e, se aconteceu, que seja sempre assim: a um ritmo festivo, corpos dançantes e uma sonoridade que fica presa na memória.
Para uma quarta-feira, a casa estava muito bem composta. Cerca de 150 pessoas cercavam o piso inferior para ver de perto os brasileiros, mas também se percebeu que estavam muitos fãs dos portugueses que iam abrir a pista.

Cerca de meia hora depois do previsto, lá estavam Nuno Dionísio e Rui Seiça. frente a frente para dar a conhecer os novíssimos Me And My Brain (eles que deram, há dias, uma entrevista à TIL). Com uma sonoridade completamente focada na eletrónica, o duo desenvolveu sons que poderiam relembrar algumas das bandas preferidas do género. Voz alterada, mistura de teclas. Com um começo e um fim muito fortes e coesos e apenas algumas desconcentrações sonoras a meio, o que se percebe pois ainda estão em fase de adaptação, Nuno e Rui foram várias vezes encorajados pelo púlblico que abanava a cabeça de cima para baixo ao ritmo que a música os ia levando durante cerca de 40 minutos de concerto. Um excelente teste para o que de melhor pode vir (quem sabe um EP, quem sabe um álbum).
Pausa para a cerveja, pausa para o cigarro, conversa em dia e, perto da meia noite, lá estavam os Boogarins a dar os primeiros riffs. A eletrónica continuou mas o formato banda com uns toques de rock psicadélico vieram ao de cima. Os Boogarins são daquelas bandas tipicamente brasileiras que transbordam alegria: seja nas letras, nos instrumentos, na interpretação, na interação com o público. Apesar de se encontrarem-se muito sóbrios nesta última parte, o quarteto formado por Dinho Almeida, Benke Ferraz, Raphael Vaz e Ynaiã Benthroldo contagiaram sempre pela música, que foi aumentando a intensidade a cada som. O sotaque brasileiro dá aquela música uma nova pujança, que muitas vezes nos faz lembrar um pouco a diversidade de Tame Impala.

Também houve espaço para muitos solos (especialmente os da guitarra e do baixo), timings diferentes entre instrumentos (o que conferia o tal género mais psicadélico) e a interpretação dos grandes sucessos da banda que os levaram, por exemplo, ao festival Coachella deste ano. “Doce”, “Erre” ou “6000 dias” não faltaram àquele tão vasto e eletrizante reportório.

Foram cerca de três horas de boa música, ritmos diferentes mas igualmente cativantes. Basicamente foi mais uma grande noite na Stereogun. Venham mais!
Fotografias: Teresa Neto