Crítica: Searching é o encontro com uma nova forma de fazer cinema – em bom


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Searching – Pesquisa Obsessiva junta desaparecimentos, raptos e dá-nos  o lado da força que a internet pode ter nestes casos. Para o bem e para o mal. É atual, nocivo e prende até ao último segundo.

No seguimento da nova década, as tecnologias têm transformado as vidas das pessoas. A televisão e o cinema tentam sempre reinventar-se em torno desta questão e ao longo dos anos tentam implementar-se essas mesmas tecnologias, o mundo da internet e dos aplicativos nas filmagens, onde até já tentam prever o futuro malefício das mesmas, como acontece na série de culto Black Mirror.

Porém, deve ser a primeira vez que um filme conquista o público por um argumento que está completamente centrado nesta temática.

Searching – Pesquisa Obsessiva  fala-nos de uma história já recorrente no cinema: uma busca interminável de um pai pela sua filha. Neste caso a filha de 16 anos, (Michelle La) desaparece mas como o seu pai  Kim (John Cho) está habituado a conversar com ela pela internet, estranha o facto de a filha não lhe responder durante o dia, mas compreende porque aquele é um dia de aulas. Horas e horas sem lhe contactar, obrigam-no a tomar medidas e a chamar as autoridades, onde é aberta uma investigação sob o comando da Detetive Vick (Debra Missing).
KIm sente que a polícia pouco desenvolve este caso e decide, por vontade própria,  procurar no lugar mais incomum: o computador e todas as redes sociais da filha, que se revelam cruciais para a sucessão da história.

Até aqui tudo comum. Uma história de crime que obriga o protagonista a juntar-se às forças policiais para desvendar tudo. Mas, o grande diferencial cinematográfico, está na edição e as escolha das filmagens, onde todas foram feitas através de webcams: do computador portátil, de câmaras de vigilância, etc… 
Em 100 minutos de filme, tudo o que vemos é filmado diretamente das zonas que convivemos grande parte do nosso tempo diário. E isso agarra-nos desde logo.

Uma investigação criminal tem cada vez mais os smartphones e os computadores como grandes pistas para as resoluções do caso, tornando estes objetos vitais. As redes sociais, muitas vezes criticadas, têm aqui uma perspetiva diferente. De uma nova possibilidade, de quase salvação.

Searhing – Pesquisa Obsessiva foi realizado por Aneesh Chaganty (que também foi um dos argumentistas), a primeira longa metragem versão hollywood, prometendo aqui revolucionar o cinema mundial nos próximos anos.

John Cho conhecido de filmes mais comerciais como “Grande Moca, Meu” e “Star Trek” tem aqui muito provavelmente a prestação mais convicente de toda a carreira. O ator sul-coreano dá força a uma personagem que vai revelando diferentes emoções a cada minuto (por culpa dos constantes twists).

O próprio telespetador entra pela película adentro, tentando desvendar o caso e encontrar o culpado pelo desaparecimento da filha. Sem sucesso, porque com twists atrás de twists, só os mais desconfiados chegariam àquele final.

A mensagem que o realizador quer transmitir também é importante. Por um lado, nem sempre conhecemos por completo aqueles que nos são mais próximos. Por outro, o mundo tecnológico revela muito do que não é possível descobrir a olho vivo.

O suspense está todo lá. Não deixa espaços para espreitar o telemóvel. É impactante e recomenda-se para quem gosta deste tipo de temas. Se há uns anos dissessem que 1h40 filmadas a partir de um computador (por mais que a boa qualidade esteja lá) poucos comprariam a ideia. Hoje, em 2018, é uma lufada de ar fresco na forma de fazer cinema.

 

Classificação TIL: 7,5 / 10

Pode ver este filme no Cinema City Leiria. Bilhetes e sessões disponíveis aqui.