TIL – Mariza, como é voltar a Leiria mas desta vez num ambiente diferente?
Foi muito gratificante, têm aqui um público muito muito carinhoso que sabe receber como ninguém e amei cada minuto, cada momento. Foi espantoso perceber que já conhecem os temas todos, os antigos e os novos deste disco que ainda vai sair no próximo dia 25. E já cantam imensos temas, portanto estava super feliz mas também muito surpreendida.
TIL – Foi fácil perceber que havia uma interação muito forte entre si e o público pois havia várias faixas etárias e vários estratos sociais. Isso motivou-a de alguma forma na interação com o público?
Não, eu acho que a forma como se interage tem muito a ver com o que o público dá, porque na realidade isto são espaços tão grandes que não se consegue perceber as várias faixas etárias.
Percebi que na zona da frente havia pessoas de várias idades e até algumas crianças mas o concerto, maioritariamente, é feito pelo público. Se o público for muito carinhoso, o concerto torna-se ainda mais carinhoso, se o público for tímido o concerto também fica tímido. O que aconteceu aqui é que era um público muito respeitador, com vontade de ouvir música e extremamente caloroso e carinhoso.
TIL – Estava à espera desta ligação forte?
Eu sou uma artista um bocadinho mal habituada. Sou muito acarinhada e é incrível porque, acho que a palavra obrigado é pouco para agradecer a forma como as pessoas recebem a minha música e a mim como artista. Mas, não estava à espera que fosse tão caloroso e tão carinhoso e amei cada minuto que estive em cima do placo. Não é que das outras vezes não tenha gostado, mas cada concerto é único, cada concerto tem uma energia e esta noite foi uma energia explosiva.
TIL – O que é que podemos esperar do seu novo trabalho?
Cada disco é uma época da minha vida, talvez se possa reger pela idade. No primeiro disco, tinha 20 e poucos anos e aqui estou nos 40 e muitos poucos, mas não me apetece muito falar sobre isso, mas é a verdade (risos), e já traz uma maturidade, traz uma personalidade muito própria. Também fui buscar fados que ouvia quando era miúda, das casas de fado e tive o privilégio de ter amigos que também compuseram e escreveram para mim. Parecendo que não, todo esse ambiente que se vai formando entre os temas mais antigos e temas escritos, especialmente para eu cantar, faz com que cada disco seja uma época e tenha algo de especial. Porque eu só posso cantar a minha verdade. De disco para disco a verdade vai aumentando e a forma de cantar também vai ficando diferente.
TIL – Este disco reflecte a maturidade?
Reflete aquilo que eu sou neste momento, a forma como eu vejo o mundo, a forma como vejo Portugal, a forma como sinto a minha cidade, Lisboa. Também reflecte o que eu sou neste momento da vida, obviamente a maturidade, mas também uma grande vontade de fazer música e de mostrar aquilo que eu sou. E o bom disto tudo é que tanto em Portugal como fora, já tenho tocado os temas e tem sido fantástico a forma como as pessoas o têm recebido. Exemplo disso, é que em poucos dias o tema “Quem me dera” ter já um milhão de visualizações. É surpreendente.
TIL – Leiria vai receber Matias Damásio, trabalhou com ele no novo disco. Como foi trabalhar com ele?
Eu não trabalhei directamente com o Matias, ele ofereceu-me um tema e o interessante disto tudo é que eu sou africana, ele também, trago uma lusofonia e o Matias também é lusófono. É incrível a forma como ele escreve… tem uma leveza. E quando o tema chegou, ao princípio, eu fiquei um bocadinho espantada, pensando: “Será que eu conseguirei cantar estas palavras?”. Mas conforme as coisas foram andando e o tema se foi construindo, através daquilo que eu sentia e os instrumentos que gostaria de pôr, o tema foi ficando cada vez mais meu e não do Matias. Peço desculpa ao Matias! (risos)
Hoje é engraçado, porque quando o cantei aqui, as pessoas já cantavam o refrão. E espero que o Matias quando subir ao palco tenha o mesmo carinho e seja recebido da mesma forma como eu fui.