Crítica: Sound Of Metal – De baterias a silêncios ensurdecedores

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Em mais uma sessão rumo aos Óscares, a Sofia Correia traz-nos um dos filmes onde o barulho (ou a falta dele) leva-nos por caminhos desconhecidos. A crítica a Sound Of Metal.

Por favor, digam-me que conhecem a minissérie “The Night Of”?!

Quem ainda não teve oportunidade de ver, não faz mal, vou perdoar! Há outras prioridades na vida, por exemplo, espero que ainda não tenham tido tempo para ver “The Night Of” porque estiverem ocupados com a série “The AO”? Ou talvez com o filme “Mogul Mowgli”? Já sei… com o nomeado ao Óscar para melhor filme do ano “Sound of Metal”!!

Se é o caso de não conhecerem nenhum destes conteúdos vou ficar triste, mas vou dar segundas oportunidades. Vão sempre a tempo de ver novas histórias, especialmente quando elas nos são contadas por pessoas tão talentosas, neste caso, como Riz Ahmed.

O ator teve, até ao momento, um percurso tímido, digo isto porque são já várias as participações em séries e filmes que teve, no entanto foi com “The Night Of” que ele chegou aos ouvidos dos quatro cantos do mundo e sim, os meus incluídos. Fiquei tão surpreendida com o seu trabalho que dei por mim a tentar ver mais personagens deste ator, que para mim era, mistério. Mais surpreendida fiquei por saber que só existiam pequenas ou leves participações… agora já mudou um pouco o currículo! Muito agradecida.

Como sempre já estamos atrasados, vamos lá falar do que interessa: “Sound Of Metal”! Há fãs de Metal na casa? Sou caloira, comecei recentemente a apreciar este estilo musical que se baseia (atenção que isto não é uma definição) em guitarras e baterias ensurdecedoras. Portanto, muito barulho. Agora, se é mau ou bom… gostos não se discutem!

Ruben foi o novo grande desafio de Riz Ahmed, a personagem principal de “Sound of Metal”. Este filme marca a estreia de Darius Marder como realizador e conta-nos a história de um músico de metal, Ruben, que começa a perder a audição.

Ruben era um homem problemático que encontrou uma forma saudável de lidar com o vício e foi a tocar bateria que conseguiu endireitar a sua vida. Começa a dar para o torto quando, subitamente, perde a audição e perde tudo aquilo que gosta. É forçado pela sua namorada, Lou (Olivia Cooke) a entrar numa clínica onde conhece um ex-alcoólico (Paul Raci) que também perdeu a audição e vai ajudá-lo a “viver sem som”.

Se tivermos que resumir o filme numa frase podemos dizer algo deste género, é uma história sobre um músico de metal que encontrou na bateria ensurdecedora um escape à toxicodependência até ao momento em que a súbita surdez o derrubou ao chão novamente!

É sensacional! Senti um esforço acrescido para equilibrar o estado físico e espiritual, é que este filme contém forças e fraquezas distintas e nunca escorregou no exagero ou no drama irreal que nos faz logo pensar “claro, só acontece nos filmes”. Acompanhei o percurso de Ruben sempre com uma dor no peito, sem querer ter pena, mas a tê-la inevitavelmente.

Riz Ahmed é soberano neste papel! Carrega raiva e uma certa violência que me assusta em alguns momentos, só que ele também tem lágrimas e depois fica impossível não compreender de onde vem tamanha dor. Essa dor passou para mim e acredito que passa para todos os que se deixam envolver por “Sound Of Metal”.

Esta personagem de Ahmed é extremamente complicada, por isso, temos sempre a sensação de que este não é um ator, é mesmo o Ruben com várias camadas que se vão revelando com subtileza. Não se pode comparar, perdoem-me por fazê-lo mas, se em “The Night Of” ele já tinha sido maravilhoso, neste filme foi 1000x melhor! Não é exagero!

Olivia Cooke, mesmo não sendo o centro das atenções, também consegue marcar a sua presença e foi, sem dúvida, uma ótima adição a esta história. A sua personagem, Lou, apesar de não nos ser contada com o mesmo detalhe, também teve um passado difícil e vamos tendo essas pistas não só nas suas cicatrizes, mas pela sua forma de agir.

Este filme tem o ponto mais forte na forma como nos faz calçar os mesmos sapatos que Ruben. Não foi só trabalho magistral do ator e de todos os que ajudaram a conduzir esta personagem, porque todo o trabalho da mistura de som foi incrivelmente eficaz! Por outro lado, também é com a utilização do silêncio ou de sons abafados que conseguimos ter uma experiência arrebatadora. Tudo isto nos ajuda a ver o filme pela perspetiva mais real e faz-nos estar no lugar de Ruben. Eu, por exemplo, não consegui evitar imaginar se fosse comigo!

Este filme parece feito para uma alma que é obrigada a encontrar paz. Os momentos de pura alegria não congelam e esta história relembra-nos que devemos apreciar o que damos como garantido. Até as mais pequenas coisas, como apreciar uma bateria ou apreciar o silêncio. Só nunca devemos apreciar o vazio.

Outro ponto fortíssimo que me deixou muito feliz foi a fotografia de Daniel Bouquet! Passar de tons cinzentos para tons belos das paisagens extremamente detalhadas foi um truque que me deixou os olhos a brilhar.

Só para terminar, não se deixem levar só pela atuação perfeita do ator britânico. Este filme tem de ser visto como ele merece e eu acredito que ele existe para nos contar uma mensagem sobre não termos controlo da vida… ou destino… ou o que queiram chamar!

Queremos e podemos, mas em muitas situações da vida não chega. O filme fala sobre esta falta de controlo do que queremos fazer e ajuda-nos a saber lidar com ela.

Caso algo mude por completo na minha vida, vou recordar-me de Ruben e de toda a dor que ele aprendeu a gerir, como se aceitasse que tem de viver com ela sem que isso signifique que seja tudo o que sente para o resto da vida. Pelo contrário, descobriu sentimentos que não sabia que existiam. Isto é bonito!

 

Classificação TIL: 7 / 10

Crítica: Nomadland – Sobreviver na América

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A história sobre a vida solitária na terra prometida. Nomadland é um dos favoritos aos Óscares e, com esta análise, vai perceber o porquê!

Pouco ou nada conhecia do trabalho de Chloé Zao! Durante o ano passado, quando conheci o filme “Nomadland”, tive extrema vontade de o ver apenas e unicamente por ser protagonizado por Frances McDormand, uma atriz que admiro bastante e já há algum tempo…

Não começou em 2017 com “Três Cartazes À Beira da Estrada”. Foi quando vi pela primeira vez “Fargo” que comecei a seguir o trabalho de Frances. Apesar de já ter alguns anos (25, para ser precisa – O filme é da minha idade!) e passar despercebido, é um dos melhores filmes que vi até hoje, por isso, claro que não podia deixar de o recomendar! A seguir foi “Short Cuts – Os Americanos”, “Olive Kitteridge”, a minissérie da HBO e “Mississipi Em Chamas” (outro filme já com muito pó dentro do armário, mas altamente recomendado).

“Nomadland” apareceu meio discreto! Foi só com o decorrer do ano que começou a conquistar lugar na vida das pessoas e claro, com o reconhecimento da Academia que o nomeou como um dos melhores filmes de 2020.

Quem vê o trailer não fica com uma noção clara do que vai acontecer, pelo menos eu fiquei bastante confusa, o que por um lado me despertou ainda mais o interesse. Este filme conta-nos a história de Fern (Frances McDormand), uma mulher que perdeu tudo o que tinha durante a Grande Recessão. Após o colapso de uma cidade na zona rural de Nevada, nos Estados Unidos, Fern, de 60 anos, entra na sua carrinha e parte para a estrada. Começou a viver como um nómada dos tempos modernos e viaja ao longo do Oeste Americano, sozinha. Aqui, a estrada interpreta um dos principais papéis do filme, sendo ela o início e o fim da história.

Chloé Zao, a realizadora, inspirou-se no livro “Nomadland: Surviving America in the Twenty-First Century” de Jessica Bruder e decidiu focar-se na realidade, ou seja, para o próprio filme, a realizadora escolheu verdadeiros nómadas como Linda May, Charlene Swankie e Bob Wells, que interpretam o papel de companheiros de Fern, pessoas com quem ela se cruza ao longo desta viagem. Muitos nómadas cruzam o caminho de Fern, acabando por lhe dar vários conselhos e dicas de como sobreviver na estrada ou, muitas vezes, ensinamentos sobre a vida no geral.

Frances McDormand dá vida a uma mulher que passa metade desta história a afirmar-se como uma “sem-casa” e não quer ser confundida com um “sem-abrigo”. Aliás, percebe-se a mensagem de Chloé nesta afirmação da personagem: uma crítica à propriedade que todos os homens querem e consideram ser o elemento principal da vida e que, na verdade, o tornou
num ser sedentário. Isto é um pouco discutível, ou não? Seja qual for a perspetiva de cada um de nós sobre ter ou não um lar, esta foi a mensagem do filme que nunca mais me saiu da cabeça! Numa altura em que mais de metade das novas gerações não sabem o que querem fazer da vida nem qual deve ser o propósito de estar vivo, chega-nos um filme que nos faz questionar a verdadeira importância de ter um emprego, casa fixa e família, ou seja, quase põe em causa o que nos ensinam desde que aprendemos “a ser gente”.

Todas as personagens e conversas que vamos tendo o privilégio de ouvir e ver são capazes de nos cativar até ao fim, pelo jeito tão íntimo e puro. Como vos disse, esta história não é apenas um guião de falas ensaiadas, são pessoas a expor as próprias realidades com uma naturalidade absolutamente bonita. É um filme que por vezes assume um carácter documental mas, honestamente, ninguém vai querer saber disso. Estamos tão envolvidos na vida daquelas pessoas que acabamos por esquecer tudo o resto à nossa volta.

 

Frances McDormand revela-se, para mim, como uma das melhores atrizes desta geração e Fern tornou-se numa das minhas personagens preferidas. Fern é uma figura cheia de camadas, que transparece nada mais do que uma sociedade americana que viveu, constantemente, na ilusão do sonho americano para depois acordar no verdadeiro pesadelo. É uma personagem que quer parecer força e frieza, quando está apenas a esconder a sua fragilidade emocional. Esta fragilidade é comum a todos nós e todos temos momentos que preferimos usar a capa (ou máscara, como queiram) para a esconder. Fern é também uma personagem que me faz questionar a liberdade com que todos nós nascemos. No entanto, é apenas uma ilusão. Será que ela é mesmo uma mulher livre? Independente?

Cinema muito bem conseguido por Zao! Uma história que se envolve numa mistura de ficção com realidade, dentro de uma estrada que parece feita para filme documental mas é feita por nómadas, que escondem sonhos destruídos com um sorriso livre.

Fui conquistada por todos os planos que seguiam Fern e nos mostravam uma beleza única de paisagens naturais. Quase que me deixo levar por elas e esqueço as vidas que estão a contar a sua história. Acaba por ser também uma forma da realizadora nos mostrar o quão insignificantes somos no meio deste mundo.

É certo que “Nomadland” tem coração! É impossível ser indiferente a esta obra tão bonita! Como podemos ficar indiferentes a Fern que se apresenta como uma mulher que escolheu viver longe de uma vida padronizada e, ao mesmo tempo, como uma mulher que representa a sociedade solitária que vive em isolamento? Vamos refletir sobre ela, porque a seguir, vamos refletir sobre nós próprios e quem sabe, adotar novos padrões de vida!

 

Classificação TIL: 9/10

Crítica: It’s a Sin – a história de uma pandemia que nunca podemos esquecer

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O vírus VIH é apenas o mote para a brilhante e emocionante história de “It’s a Sin”. Aqui fica a crítica de Sofia Correia à série disponível na HBO.

“It’s a Sin” é a nova série da HBO e chegou-me aos ouvidos porque fez chorar muitos amigos meus. Eu, como boa chorona que sou, não perdi mais tempo e avancei!

Sabem que eu adoro dar-vos um pouco de contexto antes de falar sobre o que realmente interessa. O realizador desta minissérie é Russel T. Davies, o mesmo que realizou “Years and Years”, também da HBO e com Emma Thompson no protagonismo. Essa é uma das minhas séries favoritas de sempre e não me canso de a recomendar. Era óbvio que tinha de aproveitar este momento para o fazer novamente. 

Para “It’s a Sin”, Russel T. Davies traz com ele (da série “Years and Years”) Lydia West, atriz, que na minha modesta opinião, foi a peça que mais brilhou nesta história. Desejei, em todos os momentos dos cinco episódios, que existissem mais pessoas como Jill Baxter, a personagem de Lydia West. Claro, podem dizer-me, “Sofia, a personagem é que é bem construída, não é a atriz que faz a diferença”, sim até pode ser verdade, a personagem é apaixonante por todas as razões e mais algumas, mas não fiquem a pensar que a atriz fez pouco. Fez muito e muito bem! Vamos lá:

Esta é a história de um grupo de 5 jovens amigos que vivem juntos em Londres na década de 80 e 90. Eles são Ritchie (Olly Alexander), Ash (Nathaniel Curtis), Roscoe (Omari Douglas), Colin (Callum Scott Howells) e Jill (Lydia West). Temos também, embora pequena, a participação de Barney Stinson, desculpem, de Neil Patrick Harris, que foi sem dúvida um dos momentos mais emocionantes desta história. 

Este grupo de amigos rapidamente começa a fazer-nos sentir que estamos a ver o dia a dia de uma família. Cada um deles tem um trabalho, amores e desamores, sonhos e pesadelos e todos são, amorosamente, unidos (lagriminha já no canto do olho). 

O que este grupo tem de diferente, provavelmente, da maioria dos grupos de amigos, é que são 4 rapazes homossexuais que escaparam para a capital britânica, longe das famílias, para finalmente terem oportunidade de serem eles próprios. E nesta “missão” entra Jill, a amiga que os acolhe com muito amor para dar e que os incentiva, em todos os segundos, a serem verdadeiros sem vergonha e preconceito.

Não é bom? Quando sentimos que somos diferentes, por qualquer motivo, do resto da nossa família e quando menos esperamos, encontramos um grupo de pessoas que nos compreende, que nos aceita e que nos ama tal e qual como somos? Nos cinco episódios, posso garantir-vos, vão sentir um abraço cheio de ternura de Jill, que olha para eles e para nós com muitas cores bonitas (ainda que nós estejamos deste lado do ecrã). 

Podia ser uma história feliz de um grupo de amigos que persegue sonhos em Londres, no entanto, essa fase durou pouco tempo. Começa um dos períodos de maior mudança na história LGBTQ+. Surgem os primeiros doentes pelo vírus VIH, um vírus que na época se acreditava que afetava apenas um determinado grupo de pessoas: Homossexuais. Uma doença nova, da qual pouco se sabia e que começou a tirar a vida a muitos jovens de todo o mundo. 

Hoje não podemos negar as conquistas que temos por aqueles que foram rejeitados e abandonados. No entanto, esta minissérie é uma memória dos tempos em que o mundo não reagiu, não lutou e não cuidou de milhares de jovens doentes. Muitos deles morreram sozinhos e isolados numa cama de hospital e somos recordados disso em todos os episódios!

No aparecimento deste vírus, Ritchie (Olly Alexander) foi o primeiro a negar a sua ameaça e o último a aceitar que, de facto, é um vírus mortal. Por outro lado, foi Jill quem começou a alertar este grupo de amigos. Quando descobriu que um amigo deles estava infetado, vemos Jill completamente assustada, a desinfetar tudo à sua volta e a tomar banho vezes sem conta. Mas nem esse medo a congelou e Jill continuou a estar presente. Cuidou de todos e garantiu que nenhum deles se sentisse sozinho (Pronto, a lagriminha já caiu).

 

Há dois grandes momentos nesta minissérie, ou melhor, dois grandes discursos. O de Ritchie (Olly Alexander) e o de Jill (Lydia West). Ambos os discursos são homenagens, não só aos jovens que perderam a vida durante aquela década, mas a todos os que se viram abandonados por terem tido a coragem de serem eles próprios e por aproveitarem cada minuto da vida da forma que os fazia mais felizes. Até gosto de pensar que toda a minissérie não é mais do que uma homenagem, no entanto, estes dois discursos são dois momentos maravilhosos que existem para nunca mais nos esquecermos do que fomos, do que somos e do que podemos ser! 

Esta é uma história de muitas cores, com muita música, muita dança e muito amor, mas também é uma história sobre vergonha, culpa, abandono e desinformação. É uma história de cores em tempos cinzentos.

Acredito com todas as forças que Russel T. Davies conseguiu levar aos quatro cantos do mundo informação importante e que pode, mesmo, salvar vidas (sim, mesmo quando estamos no século XXI). 

Os atores são maravilhosos. Destaco apenas Lydia West porque me roubou o coração todos os segundos, mas todos os protagonistas são incríveis. Aplaudo, também, a banda sonora que é, como devo dizer… muito “british”, que fica no ouvido. Gostava de conhecer o realizador Russel T. Davies só para lhe agradecer, mas depois penso nesse encontro e sei que ia ser vergonhoso porque eu não ia conter o choro. 

Enquanto via “It’s a Sin”, sentia a dor que não era minha e quis dar a mão a quem não me conhece. E mais importante do que isso, quando terminei de ver, tive finalmente a sensação de que estou aqui para aproveitar o tempo que ainda me resta, sendo sempre fiel a quem eu sou. 

Peço desde já as minhas desculpas porque podem estar a ler um texto demasiado emotivo, mas vocês não fazem ideia do quanto esta história é bonita e real! Vão lá ver, por favor!

 

Classificação TIL: 9/10

Crítica: “Malcolm & Marie” – todos os amores têm os seus altos e baixos

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O novo filme da Netflix é a preto e branco mas o enredo leva-nos para múltiplas cores e pensamentos do quotidiano nas relações. Assim é Malcolm & Marie

Estreou “Malcolm & Marie”, o novo filme da plataforma de streaming Netflix. Nesta obra vão ver John David Washington, que já devem conhecer do filme “Tenet” de Christopher Nolan (espero mesmo que conheçam, afinal estamos a falar de Tenet!), e Zendaya, a vencedora de um Emmy pela série “Euphoria” (outra que eu espero que conheçam!).

Antes de começar a falar sobre este novo filme, quero contextualizar-vos: o realizador Sam Levinson também é o diretor de “Euphoria”, original HBO, e foi nesse projeto que conheceu Zendaya – e eu agradeço a todas as divindades por Sam e Zendaya terem cruzado caminhos. Sam é filho da argumentista Diana Rhondes e do produtor Barry Levinson. Vamos lá ver, com este ADN, não é surpresa nenhuma que Sam Levinson tenha um enorme talento neste universo infinito da sétima arte, não concordam?

Já perceberam, sou fã! Sou fã de Sam, de Zendaya e de John, porém, vou tentar com todas as minhas forças que esta admiração não influencie a minha opinião da experiência deste filme, que considero ser uma obra arriscada. Feitas as apresentações, vamos ao que interessa!

Nesta nova e forte aposta da Netflix, Zendaya e John David Washigton são os únicos atores em cena e brilham numa história sobre amor e vários outros sentimentos complexos. 

John é um cineasta e namora com Marie, personagem de Zendaya. O casal regressa a casa após a antestreia de um filme de John e ele acredita que será uma obra de muito sucesso. Em casa, ambos começam uma conversa (ou discussão, vá), que vai colocar à prova o amor que sentem um pelo outro, dando espaço para o surgimento de revelações das suas relações. O que desencadeia esta discussão é, obviamente, o filme de John que é baseado na vida de Marie, uma ex-toxicodependente e frustrada com a sua carreira de atriz de pouco sucesso. 

Há dois pontos importantes que eu já referi, mas vou reforçar: Sim, o filme é inteiramente entregue a duas personagens e a um cenário e a história gira em torno da discussão do casal. 

Eu sei que pode parecer difícil e desafiante construir um filme com poucos elementos e é por esta razão que o considero, no mínimo, arriscado. Mas, pelo menos na minha opinião, para o salvar de um puro e fácil tédio temos Zendaya e John, dois brilhantes atores! E prometo-vos que não estou apenas a basear-me na minha admiração por ambos, acredito fortemente que foram escolhidos na perfeição.

Para além disso, o realizador é um génio no que toca a tornar uma ação “parada”, que tem tudo para ser monótona e aborrecida, numa ação interessante. É inevitável fazer esta comparação, mas o filme fez-me lembrar os dois episódios especiais, que estrearam já durante a pandemia, de “Euphoria”. Isto porque, em ambos os episódios, o realizador utilizou um texto com duas personagens e um cenário e tornou a nossa experiência numa (quase) consulta no psicólogo. Ou seja, tanto nesses episódios específicos como neste novo filme, o realizador trabalhou com um texto poderosamente emocional e tirou partido ao máximo das emoções dos dois atores, que foram muito bem conduzidos. 

O maior problema, creio, foram as expetativas criadas em torno desta obra a preto e branco. Na verdade, eu não tinha expetativas e tento, sempre, fugir delas. Cheguei ao final do filme e só consegui achá-lo brilhante. Quem já esteve apaixonado ou está, provavelmente tem outra facilidade em encontrar relações emocionais com o filme. Este casal tão depressa se ama como se odeia, tão depressa ri como chora. E, peço atenção para este ponto, não é uma discussão que confronta apenas as emoções e sentimentos de cada personagem, também divaga pela superficialidade de Hollywood, racismo e importância da sétima arte. Obriga-nos a pensar! Obriga-nos a pensar em ambos de forma igual e diferente. Acima de tudo, obriga-nos a ter compaixão por ambos, porque são um espelho de pessoas reais!

 

O que é que achei extremamente forte? Fácil. A química de Zendaya e John e a genial condução de Sam. Mais uma vez, não estou surpreendida, conheço bem o trabalho e potencial deste trio!

Mas, como a vida não é um mar de rosas, também este filme tem as suas imperfeições, que aos meus olhos são as seguintes: quer parecer uma peça de teatro e é demasiado político. Ora bem, são imperfeições, claramente, subjetivas. Ou seja, vai depender do vosso gosto e experiência. Esta é a minha e posso, com todo o gosto, justificá-las.

O filme “Vedações”, protagonizado por Viola Davis e Denzel Washington é um filme que considero “de teatro”. Com isto quero dizer que, os atores trabalham um texto ultradramático e com profundos desenvolvimentos das personalidades das personagens. Adoro-o! Em comparação com “Malcolm & Marie” não acredito que o texto seja forte o suficiente para ser trabalhado como uma peça de palco. Viola e Denzel fizeram-me esquecer a tela e eu senti que estava numa sala a ver uma verdadeira peça de teatro. Zendaya e John não me fizeram, de todo, ter o mesmo sentimento. Pelo contrário, senti que a vontade desta obra é ser teatral e força-o. 

Por outro lado, é um texto inteligente que explora as emoções de um casal romântico e por vezes mistura-se com questões políticas que o realizador introduz com o objetivo claro de criticar a indústria de Hollywood. Confesso, não me seduziu. Eu sou do grupo de espectadores que acredita que o cinema pode e deve ser uma ferramenta que explora vários temas políticos e sociais que sejam, efetivamente, importantes. Neste caso, penso que haveria muito mais para falar sobre a relação psicológica do casal. 

São imperfeições “minúsculas”, que acredito não terem força para destruir a magia deste filme. É uma obra feita de atores talentosos, com potencial para nos ensinar muito sobre as emoções e sobre lidar com elas. Merece ser visto com muita atenção e com o coração no sítio certo.

Os diálogos são tóxicos, explosivos, dramáticos e intensamente emocionais. Zendaya, apesar de manter uma postura serena, traz uma personagem cheia de demónios e começa a adotar um discurso mais dramático. Enquanto que John, brilhantemente, usa a ironia como característica principal e constrói uma personagem verdadeiramente cativante. Ambos são um perfeito equilíbrio e até nos fazem sentir desconfortáveis cada vez que temos tendência a escolher um dos lados. 

Quem conhece o trabalho de Sam Levinson também não vai ficar surpreendido quando digo que, a banda sonora é maravilhosa. Ajuda-nos na interpretação dos momentos e das emoções das personagens. Até a própria forma de filmar é um genial acréscimo à sua perfeição.

A experiência deste filme não vai ter meio, é tão intensa quanto o próprio filme. Ou se ama ou se odeia. Eu… amei!

É uma perfeita oportunidade para todos os espetadores desta obra começarem a refletir sobre este elegante argumento e para começarem a ficar atentos ao trabalho da jovem Zendaya e admirar a notável interpretação de John. 

Acredito que, quer gostem ou não, é um filme inesquecível e não vai ser fácil evitar falar sobre ele com a nossa cara metade (cuidado e boa sorte!).

 

Classificação TIL: 8/10

Crítica: Tudo Bem no Natal Que Vem – Tentem não abraçar a vossa família!

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Há lá coisa mais fofinha que um filme de Natal à lareira? Por isso pedimos à nossa especialista em filmes uma recomendação recente para este Natal. E qual não foi o nosso espanto, pela escolha brasileira.

Finalmente, um filme de Natal que me levou às lágrimas de tanto rir! Atenção, sou team “Sozinho Em Casa”, mas não sou dessas pessoas que ri sempre das mesmas cenas quando já sabe o que vai acontecer. Às vezes penso que gostava de ver “Sozinho Em Casa” pela primeira vez, mas na minha idade atual, será que ia rir assim tanto? Não sei…

Sei que ri e muito com o novo filme de Natal brasileiro “Tudo Bem no Natal Que Vem”, protagonizado por Leandro Hassum. Chegou-me aos ouvidos porque está no top 5 dos mais vistos a nível mundial na Netflix e pensei, “ok, vamos lá”. Nem vi o trailer, fui na fé do Senhor e esperei por um bom filme de Natal.

Vou começar por dizer o seguinte: Veio-me à cabeça, de imediato, dois filmes. Realmente, filmes são inspirados noutros filmes e neste acho mesmo que teve influência de “Click” com Adam Sandler e “O Feitiço do Tempo” com Bill Murray. Vão perceber porquê.

Nesta comédia de Natal, conhecemos Jorge, um homem casado e pai de duas crianças, com uma vida relativamente estável. No entanto, Jorge odeia o Natal porque é também o dia do seu aniversário e não consegue competir para ter as atenções. Num Natal, Jorge é amaldiçoado pelo avô da sua esposa e a partir daí a vida dele muda completamente. Quando acorda, todas as manhãs, é Natal outra vez. Ou seja, passam anos, a família envelhece e muitas coisas acontecem na vida dele, mas ele só se lembra dos dias de Natal. (Não é spoiler malta, está tudo no trailer).

Se conhecem os filmes que mencionei, já devem ter percebido a comparação. Em “O Feitiço do Tempo”, Bill interpreta um homem que fica preso no mesmo dia e tem de reviver os mesmos acontecimentos até perceber qual o propósito de estar nesta situação. Em “Click”, Adam Sandler é um homem que, com a ajuda de um comando mágico, “passa à frente” momentos da vida que ele não quer viver, mas isto tem as suas consequências e acaba a não viver e perde o controlo (como se alguém tivesse esse controlo, eu sei que não).

Agora temos a versão do realizador Roberto Santucci, uma comédia que eu achei hilariante, mas sou suspeita, nem sempre faço sentido no que toca a coisas que me façam rir. 

À parte disso, gostei do que o filme tenta transmitir. É um filme de Natal, logo, a mensagem tem de ser daquelas que nos aquecem o coração e esta faz-nos querer abraçar toda a nossa família (mas agora não, é preciso ter cuidado).

É uma reflexão sobre o que é a vida! O que é realmente importante e o que é que deve ser prioridade. Também nos faz uma questão importante: Como é que olhamos para aqueles que mais amamos? É um exagero, claro, mas o filme mostra-nos as consequências de “viver em modo automático”. Ou seja, estamos tão preocupados com coisas que não interessam que acabamos por nos esquecer de olhar para as pessoas que são verdadeiramente importantes para nós.

O humor é espontâneo e leve, muito fácil de acompanhar e perfeitamente adequado para qualquer idade. Há cenas emocionantes em que se nota um grande trabalho dos atores. Tenho de destacar Hassum, Danielle Winits e Arianne Botelho. Este trio protagonizou o melhor momento de todo o filme.

A dinâmica do elenco é incrível, no entanto, não há melhor do que Hassum. Entregou-se a 100% a este personagem e às vezes até parece que não estamos a ver um ator. Brilha em todos as cenas e isto deve-se ao magnífico carisma que tem. 

 

O argumento é muito leve, mas tem coerência e apesar de ter muitos momentos clichés é fácil tornar-se parte de nós! 

Por isso, para resumir bem resumido, querem uma divertida tarde de Natal em família? Este é o filme que vos recomendo para tal. 

“Tudo Bem no Natal que Vem” é um filme divertidíssimo com uma mensagem que faz todo o sentido para a época natalícia. Puxa as duas lágrimas, aquela do choro e a outra do riso. 

É uma boa surpresa! E se calhar, é por isso que está no Top dos mais vistos do mundo. Bom trabalho, Brasil! Boas festas! 

 

Classificação TIL: 7/ 10

Crítica: Mank, um filme a preto e branco que merece uma oportunidade a todas as cores

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O novo filme de David Fincher está aí – na Netflix – e para a nossa expert em filmes, Mank é uma pura obra de arte

Seis anos depois de um dos meus filmes favoritos, “Gone Girl” ou como se lê nas telas portuguesas “Em Parte Incerta”, David Fincher regressa com “Mank”.

Este é, nada mais nada menos, do que o sonho do pai dele que depois se tornou no seu sonho. Foi Jack Fincher que escrever o argumento deste filme, mas foi o filho que concretizou, finalmente, esta vontade de levar a história aos lares dos quatro cantos do mundo. 

David insistiu em ter fotografia a preto e branco, em usar técnicas de filmagem dos anos 30 e 40 e ter arquitetura sonora da época. Mas porquê? Pois, cá vamos nós ao primeiro problema.

Este filme não é para todos. Ou conhecemos a história ou estamos ali a pedir à Netflix por recomendações melhores. 

O realizador insistiu em várias coisas para conseguir assegurar as emoções do que se viveu na época em que acontece a história. Este filme é sobre um filme. 

É uma história verídica e leva-nos até à conhecida Era de Ouro de Hollywood, para conhecermos Herman J. Mankiewicz (Gary Oldman) o argumentista que aclamou ser o único escritor de um dos melhores filmes de sempre “O Mundo a Seus Pés”, de 1941.

“Mank” desdobra-se em vários flashbacks que nos mostram experiências passadas entre o argumentista e o realizador Orson Welles enquanto, polemicamente, produziam o filme. 

De acordo com a versão da história apresentada por Fincher, foi Mank (apelido de Herman Mankiewicz e graças a Deus porque dizer este apelido é passagem direta para sofrer bullying), que decidiu basear algumas personagens do filme em figuras reais, tais como, William Randolph Hearst que inspirou o personagem Charles Kane e a atriz Marion Davies que inspirou a personagem Susan Alexander. Bom, isto agora é uma confusão com nomes. Mas não se percam, pouco importa.

Para os que conhecem o filme, à medida que “Mank” avança, a narrativa e alma de “O Mundo a Seus Pés” começa a fundir-se e permite-nos entrar na mente do argumentista.

Rapidamente percebemos que Mank é um anti-sistema e no meio da sua loucura de querer ser diferente e deixar a sua marca no mundo cinematográfico começa a ficar extremamente desapontado com a cegueira dos estúdios e de como o processo de lançar um filme é completamente desgastante. 

Bom, a verdade é que Fincher é um mestre reconhecido por vários e longos motivos, mas no que diz respeito ao conteúdo, temos mesmo uma novidade.

“Mank” é o filme mais político do realizador até à data, que grita ao mundo o quão corruptos são os media e como é fácil obedecer às estruturas de poder americanas.

Portanto, é um filme pessoal em dose dupla. Pessoal porque David desenvolveu um filme a partir de um texto escrito pelo pai. Sente-se em cada cena a paixão que ambos partilham pelo personagem Mank, que nem sempre foi personagem. E, claro, sente-se em vários momentos o tom crítico e político e percebemos que não desperdiçou nem uma oportunidade para apontar dedos.

 

Não sei que mais posso dizer, porque, é verdade que este filme é restrito. Não se pode chegar à Netflix e começar a ver sem antes fazer o trabalho de casa. Por mais pequeno que seja, é essencial perguntar ao Sr. Google quem foi Mank e Orson Welles.

Depois dessa pequena pesquisa, posso garantir, sem medo de me arrepender, que vão ficar maravilhados com esta obra prima. 

“Mank” é um olhar tecnicamente brilhante de Hollywood, que descasca as várias camadas da batalha de um argumentista e de um realizador que marcaram a história do cinema e na altura, nem se aperceberam do que fizeram.

Falo de brilhantismo e tenho de falar de Gary Oldman que foi perfeito, apesar de interpretar um personagem 20 anos mais novo do que ele. Consegue transmitir-nos toda a real essência do génio Mank, que se deixou levar pelo álcool e pelas ordens da indústria sem nunca abrir mão das suas convicções.

Amanda Seyfried também tem o seu destaque! Não foi incrível como Gary, mas foi bastante expressiva e protagonizou os melhores diálogos de todo o filme. São estes diálogos que nos fazem perceber o lado heroico e romântico do génio Mank.

Visualmente é arrebatador e ficamos apaixonados por todos os detalhes, sejam amantes do cinema ou não, é impossível chegar aos créditos sem um brilho gigante nos olhos e com vontade de viver tudo novamente. 

É muito mais do que uma memória, homenagem ou dedicatória de amor… o filme é uma denúncia à indústria do cinema e aos estúdios que manipulavam a opinião pública. Dá para ser poético e político? Dá para ser politicamente poético? 

Mank é imperdível, mas por favor, façam uma leitura rápida e aproveitem um dos melhores filmes deste ano atípico!

 

Classificação TIL: 8 / 10

Crítica: “Lamento de Uma América em Ruínas” – Lamento, mas este não é o pior filme do ano!

critica Lamento de Uma América em Ruínas

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Okay, às vezes não associamos o nome do artista à obra. Ron Howard é um realizador aclamado e premiado e já deu provas sólidas de que talento não lhe falta. Para os amantes de cinema, se calhar o nome não é assim tão estranho…

“O Código Da Vinci”, “Apollo 13” ou “Uma Mente Brilhante” são alguns filmes realizados por Ron. Sabiam? Pois é, estes e muitos outros são clássicos e obras-primas cinematográficas que certamente já passaram nos vossos ecrãs e corações.

“Hillbilly Elegy” ou em bom português “Lamento de Uma América em Ruínas” é o mais recente filme de Ron, que estreou esta semana na Netflix. Já tem um começo forte, só porque consta no currículo deste realizador, mas esperem até descobrirem o elenco.

Amy Adams e Glenn Close, juntas e a disputar protagonismo (apesar de nenhuma ser a protagonista). Amy já conta com 6 nomeações aos Óscares e se não estiver a caminho da sétima nomeação então algo está muuuito errado. Bom, já lá vamos. Até porque, Glenn conta com outras 6 nomeações aos Óscares e deve estar a partilhar boleia com Amy no caminho à sétima nomeação. Poupa-se na viagem, porque os vestidos são caros.

Vi o filme no dia que estreou e, tal não foi o meu espanto, quando começo a ler críticas arrasadoras de críticos de cinema e do público em geral. Nunca tal coisa me passou pela cabeça. A minha experiência deste filme é totalmente diferente de outras que tenho lido até agora.

Como em tudo na vida, nada é perfeito. Se posso dizer que, a nível técnico, o filme tem falhas trágicas? Trágicas… é um pouco agressivo, mas sim tem. Nem todos concordam quando se diz que o cinema é pessoal, mas eu acho que faz todo o sentido, porque cada um vive-o à sua maneira, tendo em conta aquilo que somos, acreditamos, vivemos e gostamos.

Dito isto, é errado olhar para o cinema só pela perspetiva emocional e por aquilo que nos consegue transmitir? Sim, não podemos esquecer o processo técnico que é importantíssimo. Não vive um sem o outro. Calma, já estou a chegar ao meu ponto.

“Hillbilly Elegy” está a ser arrasado! Isto deixa-me triste.  De repente, tudo aquilo que tem de bom e quase perfeito é esquecido. Ou muito me engano ou muitas pessoas vão deixar passar ao lado um filme tão importante como este. Pior do que isso, arrasta grandes artistas que mostram extremo talento em todas as cenas deste drama!

Vejamos o que está a ser esquecido:

O filme tem dois aspetos extraordinários que são a alma de toda a obra. 1 – Amy, Glenn e Gabriel Basso. 2 – Banda-sonora excecional a cargo de Hans Zimmer e de David Fleming.

São trunfos a seu favor e que dão força maior. Esta história não é propriamente vista com bons olhos, uma vez que relata um país em constante conflito étnico, em que os valores conservadores são metidos constantemente à prova, originando reações de temperamento descontrolado.

Para vos contextualizar:

J.D. Vance (Gabriel Basso), um ex-fuzileiro de Ohio e atualmente aluno de direito em Yale, está prestes a conseguir o emprego com que sempre sonhou. No entanto, uma crise familiar, especificamente com a mãe Bev (Amy Adams), obriga-o a regressar a casa. J.D. vai ter lidar com a relação frágil com mãe toxicodependente e terá de ajudá-la a enfrentar os piores demónios. No meio deste regresso, J.D. recorda a avó Mamaw (Glenn Close), a mulher forte que o criou e que lhe ensinou: “para realizar os sonhos, primeiro tens de aceitar as tuas raízes.”

 

Admito! Este filme é um conjunto de cenas dramáticas que rapidamente escalam e damos por nós em picos de emoções. O argumento de Vanessa Taylor podia ser muito melhor, uma vez que nos entrega cenas sem coerência. Faltou-lhe uma balança, sinceramente. Há partes do filme que poderíamos ter as emoções equilibradas, mas não aconteceu. Podia ter sido o realizador a salvar, mas Ron também não soube distinguir as sequências dramáticas e transformou-as em exageros.

Para juntar a este pequeno desastre, o filme tem zero surpresas! É previsível, praticamente, desde o início e tudo acontece demasiado rápido. Passa tudo a voar!

Tenho vindo a referir isto: Já não conta ser original na história. Conta a originalidade com que contamos uma história. Hillbilly tinha tudo para dar certo e ser um bravo concorrente aos Óscares 2021, mas não… escorregou algures na narrativa e no argumento e foi coxeando até ao fim.

Quer isto dizer que é o pior filme do ano, como tem sido descrito? Bom, eu não concordo. Nem sei como se pode afirmar tal. Mas lá está… a beleza do cinema é ser pessoal e podemos divertirmo-nos a discuti-lo.

Fico a torcer para que Amy Adams e Glenn Close sejam mencionadas nas próximas premiações, até podem sair do “pior filme do ano” (outra vez, não concordo), mas estas atuações foram das melhores do ano!

Lamento mas é um filme que dificilmente encontrará um público que o veja na sua totalidade. Não sei se muitas pessoas vão conseguir esquecer os erros irritantes e ter uma experiência bonita, com uma mensagem poderosa a reter.

Para mim, há duas formas de sair desta América em Ruínas: “Não importa de onde vens, há sempre uma forma de vencer as nossas ambições” ou “Não importa se o passado nos deixou em ruínas, importa o que fazemos para sair dele e o que fazemos para chegar ao topo.“ É possível!

Quase me esquecia de mencionar:

Hillbilly Elegy é uma história real. O filme é baseado nas memórias de J.D. Vance (o personagem principal) e no livro “Era Uma Vez Um Sonho”, escrito por ele.  Lembrei-me porque, como é costume em filmes baseados em histórias verdadeiras, os créditos finais são pintados de imagens das pessoas reais e estava a pensar em como a Glenn Close é extremamente parecida com a verdadeira avó… até me arrepiou!

 

Classificação TIL: 6 / 10

Crítica: Hubie Halloween – É realmente um filme assustador… por ser tão mau!

crítica Hubie Halloween

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O novo filme da Netflix parece ter agradado a grande parte dos subscritores mas não convenceu a nossa cronista cinematográfica Sofia Correia.

Peço desde já as minhas desculpas aos fãs de Adam Sandler (a mim também, porque eu sou outra fã), mas este texto vai ter poucos elogios ao novo filme que estreou na Netflix. 

Para quem conhece bem as comédias de Adam Sandler sabe que é preciso gostar de rir do estúpido e do ridículo. A verdade é esta, há vários estilos de comédia e o riso é difícil. Mais difícil é o riso que leva às lágrimas. 

Mas não se preocupem, se é de lágrimas que precisam, bem, aqui está um bom filme que te pode fazer chorar… por ser tão mau.

Já agora, sabiam que Adam Sandler prometeu fazer o pior filme possível, caso não ganhasse o Óscar de melhor ator pelo filme Diamante Bruto (lançado na Netflix em 2019 e que pode ler a crítica da TIL ao filme)? Nem chegou a ser indicado ao Óscar e por isso suponho que tenha cumprido a promessa. Mesmo que não seja o pior filme dele, prefiro acreditar inocentemente nisto: que Hubie Halloween só existe por resposta à “maldade” da Academia.

Mas, agora para quem ainda não viu, que raio aconteceu no filme?

Entramos dentro de uma noite de Dia das Bruxas absurda, numa cidade dos EUA que parece ser a capital “não oficial” do Halloween. Hubie Dubois (Sandler) é um sujeito totalmente dedicado à sua cidade e sempre com a missão de garantir a segurança de todos os habitantes. 

O que acontece é que Hubie é a personagem típica de Sandler, que já vimos algumas vezes no ecrã: inocente, salvador da pátria e com um coração verdadeiramente bonito. Ok, obrigada Adam, por desperdiçares a tua criatividade.

Durante a noite, alguns acontecimentos assombram a cidade e alguns habitantes desaparecem. Quem é que entra logo em ação, como herói inesperado? Hubie Dubois.

Quando conhecemos Hubie, não o vemos como herói, mas sim como um homem caricato que sofre bullying de metade da cidade. Só a mãe (June Squibb) e Violet (Julie Bowen), por quem está apaixonado desde criança, é que o tratam bem. Bullying tive eu vontade de fazer a Adam Sandler, depois de perceber que adotou novamente uma forma ridícula de falar para a personagem (Brinco, bullying é inaceitável miúdos!!)!

Há um mistério que conduz o filme inteiro e até podia ter sido uma boa cola, mas nem isso resultou. Porque, eu pelo menos, senti-me cansada a partir da primeira metade do filme e honestamente, foi um esforço para chegar ao fim!

Eu sei, estou a ser hater? Desculpem, estou desapontada. Muito porque, com tanto talento, dinheiro e tempo investido, podíamos todos ter uma experiência de comédia de terror muito melhor… Vejam bem este elenco de luxo:

Temos aqueles nomes que são presença garantida num filme de Sandler, como Kevin James, Rob Schneider e Maya Rudolph, e contamos ainda com Ray Liotta, Kenan Thompson, Steve Buscemi, Tim Meadows, Noah Schnapp e até uma pequena participação de Ben Stiller.

 

E para continuar aqui na boa onda das qualidades do filme, há pelo menos duas cenas que me arrancaram um riso (muuuito) pequenino (SPOILER ALERT):

1- Quando o gato da vizinha de Hubie aparece com os olhos bem abertos porque se sente ameaçado por Violet. Talvez ri mais do que devia, mas cá está, se é para rir do estúpido e do ridículo mais vale rir em momentos que têm animais, assim fico perdoada.  

2- A cena no carro com Maya Rudolph e Tim Meadows. Opá, aqui também era inevitável. Maya Rudolph é mestre das minhas gargalhadas e não sei porquê, mas mesmo sendo absurda, começo a rir sempre que a vejo no ecrã. É automático! Às vezes dou por mim a rir como uma maluquinha só por ouvir o nome dela. 

Pronto, foi isto. O filme está pintadinho de piadas que são repetidas até começar a fazer doer os ouvidos. Uma delas é que Hubie assusta-se facilmente, então, cada vez que vê um monstro de Halloween grita. Imaginem ver um filme de 1h30, numa cidade em festejos do Dia das Bruxas, com monstros por todo o lado e com um homem que grita sempre que os vê. Pois… já conseguem imaginar como é irritante, certo? A primeira vez ainda aceitamos, mas as outras 500 vezes já só queremos dar-lhe um murro.

Depois, temos outra que acontece sempre que Hubie está a andar de bicicleta. Assim que começa a pedalar aparecem, de todos os lados, objetos que são atirados à cabeça dele, pelas crianças da cidade… estes que estão constantemente a gozar com ele. Volto ao mesmo: Na primeira vez ainda mostramos os dentes, nas outras 1000 vezes já queremos ser nós a pegar numa bola e mandar-lhe à cabeça.

Só não tiro todo o mérito a este filme porque Hubie é uma personagem espelho da criança que todos temos, escondida na vida adulta. É uma emoção bonita, para mim. Afinal, neste mundo virado do avesso, às vezes é bom recordarmos a criança que fomos.

E, como já tinha referido, Hubie tem um coração gigantesco que protege todas as pessoas, independentemente da forma como é tratado. Bonita lição para nós adultos, que muitas vezes só temos tempo para olhar para o nosso próprio umbigo.

Acredito até que Adam tem o mesmo coração que Hubie, porque todas as suas comédias servem quase com as mesmas lições de moral. No final do filme descobrimos que, Hubie Halloween é dedicado a Cameron Boyce, o ator que morreu o ano passado e contracenou com alguns nomes do elenco.

Assim sendo e sem mais nada de jeito para vos contar, esta foi a minha experiência. Deixo um conselho grátis:

Se vais com o espírito bem preparado para o (ultra) ridículo, talvez tenhas uma boa comédia. Se não estás para aí virado, foge como o Hubie, sempre que é perseguido pelas crianças da cidade! 

 

Classificação TIL: 4 / 10

 

Texto: Sofia Correia
Foto: DR

Crítica: O Dilema das Redes Sociais – Mergulhamos no nosso íntimo em vez de o partilharmos!

the social dilemma

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As redes sociais já não são o sítio de partilha entre amigos e familiares. Hoje, são plataformas online de negócio. Mas até aqui já todos tínhamos chegado, certo? Até porque somos constantemente bombardeados com anúncios para comprar produtos e serviços de todas as maneiras e feitios. 

Há muitas coisas que me irritam nas redes sociais. Mas a pior de todas, aquela que me deixa a ferver, é quando o meu feed é inundado de anúncios semelhantes a algo que tenha pesquisado anteriormente. Já vos aconteceu também, de certeza!

Por exemplo, já sabia que muitos amigos meus compravam ténis no Facebook. São mais baratos e apesar de muitos parecerem que foram feitos numa hora e sem atenção aos detalhes, dão jeito. Ora, o que eu vou fazer? Vamos lá cair nesta tentação e procurar uns ténis jeitosos que façam casal perfeito com a minha carteira.

Socorro, pesquisei uma vez! Chego ao feed das minhas redes sociais e só vejo ténis! De todas as cores, de todas as marcas, uns até tinham rodas (para quê? Patins servem perfeitamente).

Mas isto é apenas um exemplo. Acontece com tudo. E isto serve para dizer o quê? Que tudo o que fazemos online está a ser visto e registado. Sim, é assustador sabermos que há pessoas que têm acesso a todas as nossas informações e que sabem todos os passos que damos online. Mas, a mim, o que me assusta mais não é terem esse acesso, mas sim aquilo que fazem com o que sabem sobre mim. Sobre mim, sobre ti e sobre todos. 

O novo documentário da Netflix, O Dilema das Redes Sociais, questiona o bom e o mau das plataformas digitais e dá-nos a uma perspetiva pedagógica de como funciona a “economia do clique” e o capitalismo de vigilância. Provavelmente, depois de veres o documentário, percebes que já sabias tudo isto, só que não tinhas consciência de que sabias, preferes ignorar. Assim aconteceu comigo. 

É feito de testemunhos de antigos funcionários das grandes empresas tecnológicas, como Google, Facebook e Twitter e deixa bem evidente a forma como a liberdade está a ser posta em causa. 

A questão é, quais é que são as consequências de tudo aquilo que partilhamos nas redes sociais?

Nós estamos a ser, constantemente, programados para vermos sempre a mesma coisa. E como é que isto acontece? Com a recolha de dados sobre tudo o que vemos e quanto tempo vemos. Sim, o tempo que estamos a ver um post também é registado. 

Se compararmos o Facebook nos primeiros anos com o atual, parece que falamos de uma rede social diferente. Hoje, parece impossível entrar no Facebook uma única vez no dia. Com tantos usuários não dá para ver tudo o que é partilhado e por isso começamos a perder interesse na maior parte dos conteúdos. Aqui entra o algoritmo que, supostamente, identifica tudo aquilo que queremos ver, baseado nos nossos dados registados.

Pronto, se te questionas o porquê de veres sempre as mesmas pessoas ou mesmo tipo de conteúdo, é esse o motivo.

Até podia servir para “organizar” melhor o teu feed, de forma a captar a atenção e interação durante mais tempo. Só que nos últimos anos, esta ferramenta é utilizada de forma exaustiva para sermos expostos ao mercado ou a ideias políticos e sociais que, no final, vão te influenciar. 

Estas foram as ideias fundamentais que retirei do documentário. Não o achei maçador, talvez um pouco exagerado, mas até acho que é necessário o tom exagerado para que sirva de alarme. É claro que não acho que as redes sociais vão mudar, pelo contrário. Também percebi que há muitos interesses envolvidos e eu, por exemplo, ainda sinto que não sei nem metade do que realmente se passa. 

O documentário denuncia as empresas tecnológicas altamente capitalizadas que são “obrigadas” a responder a investidores que os ajudaram a crescer. Ou seja, o único objetivo é ganhar dinheiro e rentabilizar os utilizadores. 

Como diz Jaron Lanier no documentário, o fundamental destas empresas é: prender o utilizador o mais tempo possível na plataforma, fazer com que o utilizador chame mais pessoas ou conteúdo e lançar anúncios para gerar dinheiro. 

É dito no documentário que este ambiente digital que temos responde a uma lógica comercial que vai ter consequências prejudiciais para a sociedade, como a desinformação, a radicalização ou a polarização entre posições políticas. Este ponto é extramente importante e para mim foi a parte em que o documentário investiu a maior força alarmante. Quando se diz que somos influenciados pelas redes sociais nem temos a menor ideia de como somos. 

Faz um exercício. Vê o feed das pessoas mais próximas de ti. Familiares, amigos mais próximos ou pessoas que partilham dos mesmos gostos. Compara o teu feed das redes sociais com o feed dessas pessoas. Podes ter logo a conclusão chave do documentário. 

Vou deixar-te só mais esta ideia: As redes sociais são, ou deveriam ser, um espaço público onde vês partilhas de todos os que segues. Mas diferenciam o feed de cada um de nós de acordo com os nossos comportamentos anteriores. Ou seja, tornam-se profundamente íntimas e pessoais, quase como se fosse um autorretrato. Só vês conteúdo que de alguma forma corresponde aos teus ideais, valores e gostos. 

Se falarmos em “estar em sociedade” sabemos que temos de aprender a lidar com perspetivas opostas e debater civilizadamente. Estar online não é assim que funciona, uma vez que o que recebemos é o resultado de um algoritmo que trabalha para te dar só o que te agrada. 

Há muitas respostas às tuas perguntas e ideias que te vão fazer surgir perguntas neste documentário. Recomento a 100% e para além disso, recomendo que depois de veres o documentário faças alguns exercícios para que encontres as tuas próprias conclusões! 

 

Classificação TIL: 7,5 / 10

 

Texto: Sofia Correia

Crítica: Tenet é o filme dos retrocessos onde a complexidade diz sempre presente

crítica tenet

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O último filme de Christopher Nolan já está em exibição. Tenet tem momentos excelentes e outros nem tanto – e isso não é assim tão habitual na plenitude do universo Nolan’iano.

Foi na passada quarta-feira, dia 26 de agosto que estreou finalmente, aquele que diria ser o filme mais esperado do ano: Tenet. O novo filme de Christopher Nolan foi diversas vezes adiado, devido à pandemia mundialNo entanto, a Warner Bros. manteve a sua palavra de lançar o filme ainda este ano e assim o fez. O mundo agradece! 

Estreia esta semana em 70 países, mas só chega aos EUA no dia 3 de setembro. Isto porque, há um significativo aumento de casos da Covid-19 e por isso será dos últimos países a ter a última obra de Nolan nos grandes ecrãs. E por falar em grandes ecrãs, Tenet é daqueles filmes que devia ser obrigatório ver na maior tela possível!  

Nas últimas décadas, o realizador Christopher Nolantrouxe aos cinemas uns dos filmes mais aclamados da história. De tantas provas dadas de um talento transversal, fui para o cinema com as expetativas elevadíssimas. Porém, posso já adiantar que não me levou ao céu.  

Antes de falar um pouco sobre a nova história que Nolan adaptou para o grande ecrã, começo pelas qualidades técnicas. Isto porque é de longe, na minha perspetiva, a melhor qualidade do filme. Já em filmes anteriores tínhamos tido uma experiência visual incomparável, como em A Origem, Interstellar ou Dunkirk. Tenet mantém o nível de excelência. Todas as sequências de maior complexidade são grandiosas e levam-nos para uma viagem de ação excelente que nos deixa completamente arrepiados. Hoyte Van Hoytema é o responsável da cinematografia de Tenet e mostra ter um controlo superior da câmara, capaz dea captar ângulos fantásticos sem perder um único minuto da ação. Dei por mim no cinema, a tentar olhar ao mesmo tempo para todos os cantos do ecrã, com medo de perder algum pormenor.  

Agora, um pouco sobre a história. Em Tenet conhecemos The Protagonist (John David Washington). Este homem tem a missão mais importante e prioritária do mundo: impedir a Terceira Guerra Mundial utilizando apenas uma palavra: Tenet. Entramos de cabeça num espetacular mundo de espionagem que envolve alto conhecimento científico e teorias sobre a relatividade do tempo, bem ao estilo de Nolan. Não seria um filme dele, se não tivesse a componente científica ou temporal.  

Tenho imensas dificuldades em tentar escrever um pouco mais sobre esta história. É que, na minha opinião, é mais fácil de ver do que ler. Também é uma característica do realizador – complexidade da história. Ainda que o filme indique todas as explicações que necessitamos para o compreender, aconselho a estar com a máxima atenção. Mesmo que até não seja difícil de entender a história, é preciso acompanhacada segundoou então há um grande risco de perder o caminho e a cena seguinte já não vai fazer sentido nenhum. Pode arruinar toda a experiência alucinante do filme.   

Tenet é uma evolução aprofundada dos conceitos abordados por Nolan noutros filmes. E com isto, a complexidade pode parecer maior. Para quem não é familiar a conceitos de física quântica ou relatividade do espaço, como eu, até pode começar a assustar. Mas não vale a pena. É prender os olhos ao ecrã e tudo vai começar a encaixar. 

 

Agora é a vez do elenco! Pela primeira vez temos John David Washington e Robert Pattinson numa dupla de companheirismo e com muito carisma. Acho que é seguro afirmar que Robert Pattinson faz um trabalho impecável, no qual vai evoluindo ao longo da história. Supera a prestação de John, que não me fez saltar da cadeira, tão pouco me fascinou. O elenco conta ainda com a presença de Elizabeth Debicki, Kenneth Branagh, Aaron Taylor-Johnson e, o já habitual, Michael Caine.  

De todos os nomes, é Elisabeth Debicki que me surpreende. Cada minuto dela no ecrã é de pura emoção. A personagem dela é a responsável por uma das cenas chave e já na parte final do filme teve um momento brilhante que me fez querer bater palmas! 

Em Tenet, a banda sonora é assinada pelo compositor Ludwig Göransson. Desta vez não é Hans Zimmer que encanta os nossos ouvidos, mas não é por isso que deixámos de ter música de igual qualidade. Não senhor! A banda sonora é uma maravilha e ajuda a desenvolver os vários momentos de alta adrenalina.  

Tenet é ou não é um filme que vai ficar na memória? Tenho dúvidas de que fique na minha. Não é problema dnarrativa complexa sobre o tempo ou de John David Washington que não foi assim tão protagonista. Acho que o problema de Tenet é que não nos envolve. Não é daqueles filmes que me fez sentir “parte da equipa”. Não me vi dentro dele. Como não houve espaço para mais desenvolvimento emocional das personagens (há exceção da personagem de Elizabeth), criamos uma relação frágil. Por isso, é provável que daqui a uns anos recorde Tenet pelo brilhante trabalho da equipa técnica. Foi, se calhar, a melhor experiência visual de sempre. Mas mais do que isso? Creio que não vai acontecer.  

Só digo isto: IMAX. Quem tiver oportunidade de ver Tenet em IMAX, que aproveite! Há alta probabilidade de se tornar na melhor ida ao cinema da vida!

 

Classificação TIL: 7 / 10

 

Texto: Sofia Correia
Foto: DR